Agência Casa (Mirum) + I-Cherry

A Midia Digital, que virou Casa e depois virou Mirum. Sim, fui diretora estratégica por lá e desenhei todo o branding da I-Cherry, fazendo seu lançamento e preparando o time.

Vi a empresa sair de 15 para +100 funcionários, abrir escritório em São Paulo e ganhar grandes contas, ser uma das principais parceiras do Google e ser uma marca muito admirada em seu mercado. Esta foi a experiência que me fez lutar por equidade salarial, que é o direito que nós, mulheres, temos de ter uma remuneração igual a um homem, se exercemos as mesmas funções. Foi uma batalha curta, mas que deixou algumas cicatrizes na história. E, acreditem, foi tão intenso que virou reportagem de jornal.

Vejo a Mídia Digital como uma bela história que o fundador deixou. Ele partiu jovem demais. Que a gente possa se lembrar que a vida passa rápido demais.

underDOGS

Quem me conhece, sabe (já ouviu isso?) que eu demorei muito para me aceitar como empreendedora e, por incrível que pareça, quem me desensibilizou foi o marido, que depois passagens por DM9 e  Wunderman, decidiu abrir uma agência boutique de marketing de performance e fez o quê? Me arrastou pra ser sócia.

Uma operação que cresceu +30% ao mês, durante dois anos, chegou a +100 funcionários e atendeu contas com Daslu, Centauro e Carrefour, até ser adquirida para a constituição da Infracommerce.

Fun fact, temos? Claro que temos.

Primeiro é que a mais de 15 anos atrás, nós já tínhamos Friday Free Day, onde a galera escolhia de onde queria trabalhar, cada um com seu Mac novinho nas mãos.

E aí você pensa, numa empresa tão legal todo mundo era feliz? Não. A gente teve motins, reclamações, roubo de clientes. Teve até processo trabalhista por oferecer uma cadeira adequada a funcionário obeso, que já tinha quebrado 3 cadeiras normais. Sim, ele se sentiu constrangido com o tamanho da cadeira.

Outra história divertidíssima: a AirBnB tinha acabado de chegar ao Brasil. Eu nem sabia quem era e, quando fomos adquiridos pela Infracommerce, passamos a dividir escritório e brigar.

Tinha briga por causa da sala de reuniões (era só uma e a AirBnB decorou com areia e umas cadeiras de praia muito feias). Tinha briga por causa do café, da geladeira. Tudo era motivo para os times reclamarem. Foram meses, até ajustarmos as expectativas. E no fim, a gente ficou com muita história boa de hóspedes da plataforma.

Extraball

Irmã gêmea da underDOGS, mas com foco em criação e desenvolvimento de ecommerces, foi comprada junto com a underDOGS. Não tem fun facts nem boas histórias, porque era, basicamente, um time de desenvolvedores trancados numa sala com móveis lindíssimos que eu mesma mandei fazer. 

A Extraball foi, sem dúvida, a empresa mais lucrativa que já fundamos. Mas os sócios não eram tão bons quanto os lucros e ela não foi muito longe.

Infracommerce

Tenho sentimentos muito complexos sobre a Infracommerce. Ao mesmo tempo em que ela foi uma aventura como empresária, é a maior lição sobre como a cultura engole a estratégia. E pense bem nisso!

A Infra teve um fundador com alta capacidade de captação de investimentos, mas que não conseguiu o mesmo sucesso na gestão da empresa criada.

Em 2021 a Infracommerce fez sua abertura de capital na Bolsa de Valores, com a ação cotada a R$16,00, considerado um sucesso a época. Mas, enquanto escrevo, a IFCM3, ações da Infra na B3, seguem a R$0,06, uma espiral de morte que dá à ela o triste nome de penny stock (aquelas que valem menos de um real).

Essa também foi minha primeira negociação num grande escritório de advogados, na Faria Lima. Daqueles que a hora dos advogados deve custar mais de 6 dígitos, sabe? Viver o rito de assinatura de um contrato de venda de empresa, regado a champagne e promessas entre os novos e felizes sócios. Deixei o negócio um ano depois. E não existe apenas um motivo, mas uma série de variáveis que não são negociáveis pra mim.

Mas a venda de uma empresa é sempre um momento de muita realização. É uma conquista muito especial, com um caminho duro, longo, que exige resiliência, estratégia e muita, muita paciência.

Um prêmio para a ambição bem controlada e que me preparou para a 33/34.

DreamWalkers

Fundadora

A DW foi um spin off da Infracommerce e existiu até o início de 2025. Um dos nossos clientes ficou durante 10 anos conosco. 

Eu costumo usar o Kintsugi, uma arte japonesa de reparar cerâmica quebrada com laca misturada com pó de ouro para explicar a DW. A filosofia por trás do Kintsugi não é apenas consertar o objeto, mas destacar suas cicatrizes, transformando-as em parte da sua história. É isso que o final da DW representa, pois foi uma quebra de confiança que vai jamais será curada. As cicatrizes são uma parte importante de quem empreende. Carrego-as com tranquilidade.